
Eu já tinha escrito brevemente sobre esse memorial da queima dos livros em outro post. Um post bem completo com um roteiro pela Berlim Nazista.
Mas vamos lá para esse mais detalhado.
Berlim não é uma cidade óbvia
Berlim não é uma cidade óbvia. E isso fica claro já em seus monumentos e memoriais.
Não por menos. A história recente da cidade é tão conturbada que um pequeno detalhe pode, através de uma má interpretação, gerar grandes problemas.
A sutileza dos memoriais
É por isso que, normalmente, os memoriais relacionados à história mais obscura de Berlim têm uma tendência de serem sutis.
Sutis, porém ricos em simbolismo
Muitos visitantes aqui em Berlim passam por importantes pontos da cidade e nem se dão conta, tamanha a sutileza de alguns memoriais.
Já recebemos clientes que estavam hospedados no Hotel de Rome, por exemplo, em frente ao memorial da queima dos livros, e eles nem viram um dos lugares mais icônicos da história do nazismo em Berlim com um memorial tão importante.
A queima dos livros

Hitler chega ao poder no dia 30 de Janeiro de 1933.
Poucos meses depois, no dia 10 de maio do mesmo ano, estudantes e simpatizantes do regime invadem a biblioteca, onde hoje fica a Faculdade de Direito da Universidade de Humboldt, e queimam milhares de livros em praça pública.
Toda a ação foi orquestrada por Joseph Goebbels, o poderoso ministro da propaganda do Terceiro Reich.
Milhares de pessoas assistem ao evento demonstrando indiscutível aprovação.
Os estudantes realizadores da queima dos livros vestem-se com os uniformes da SA, a Sturmabteilung, grupo paramilitar do partido Nazista. Todos de camisas marrons, a cor da terra, da terra alemã.
Os livros queimados
Entre os livros queimados estão alguns de Sigmund Freud, Erich Maria Remarque, Karl Marx, Kurt Tucholsky, Heinrich Mann, Erich Kärstner.
Aqueles livros que fossem contrários aos ideais do “espírito germânico”, que pregassem a decadência moral e cultural e que “falsificassem a história” deveriam ser queimados.

O memorial da queima dos livros
Hoje, apesar da sutileza, encontramos um dos memoriais mais impactantes da Berlim nazista: uma placa com uma frase de Heinrich Heine e uma sala subterrânea com prateleiras brancas e vazias.
O poeta Heinrich Heine
Heinrich Heine é um dos maiores poetas do romantismo alemão. Na década de 1820 ele morou e estudou em Berlim.
Vale destacar aqui que tanto sua casa quando sua universidade se encontravam muito próximas de onde hoje fica o memorial.
Isso tudo só deixa o local ainda mais cheio de simbolismo.
Heine nasceu judeu e se ocupou bastante com o tema judaísmo.
Mas logo depois de morar em Berlim, converteu-se ao cristianismo.
A frase de Heinrich Heine no memorial da queima dos livros
“Das war ein Vorspiel nur, dort wo man Bücher Verbrennt, verbrennt man auch am Ende Menschen.”
A frase de Heine foi escrita em 1820, mais de 100 anos antes do nazismo, e diz, numa tradução nossa pro português:
“Isso foi apenas um prelúdio: ali, onde se queimavam livros, ao final queimavam-se também pessoas.”
Em 1933 Hitler chega ao poder. Os nazistas começam queimando livros. No final da guerra, em 1945, o mundo descobre que eles estavam literalmente queimando pessoas.
Fontes:
Livro: 111 Orte in Berlin auf den Spuren der Nazi-Zeit
Livro: Erinnerungsorte in Berlin
[…] ler mais em detalhes sobre o memorial da queima dos livros, você pode entrar no meu post só sobre […]
Oi!
Estou seguindo vocês pelo instagram há algum tempo, e acho as stories muito boas. Eu sou descendente de alemães, já visitei a Alemanha. Não estive em Berlim. Estivemos, eu e minha mãe, no sul, na Baviera. Lindo! Então, é lógico que me identifico muito com as stories de vocês. Quem sabe um dia não vou a Berlim e faço um tour com vocês?
Ein enges Umarmung.
Flávia
Olá, Flávia!
Fico feliz! Será um prazer recebê-la por aqui! Abraços