Plataforma 17 em Grunewald

As deportações a partir da plataforma 17
A primeira deportação aconteceu no dia 18 de Outubro de 1941.
Pelos anos seguintes, até março de 1945, mais de 50.000 judeus berlinenses foram deportados para campos de concentração saindo da plataforma 17 da estação Grunewald.
O primeiro memorial

Em 1991, 50 anos depois da primeira deportação, foi colocado um memorial permanente, feito pelo artista polonês Karol Broniatowski.
O segundo memorial

Em 1996, por iniciativa da Deutsche Bahn (empresa de transporte de trem na Alemanha), um concurso foi aberto para a construção de um novo memorial.

Os vencedores foram os arquitetos Nikolaus Hirsch, Wolfgang Lorch e Andrea Wandel.
O novo memorial consiste de uma enorme placa de metal, onde antes era a plataforma, em ordem cronológica, com a data, número de judeus deportados e destino, normalmente um campo de concentração. Ficou pronto em 1998.

Os trilhos atualmente estão tomados por árvore e vegetação. E isso faz parte da ideia, de que um trem nunca mais saia daquela plataforma para levar pessoas inocentes para a morte certa, de modo tão brutal e desumano.

O local
A estação de S-Bahn Grunewald é cercada de floresta e de verde. Grunewald é o nome da maior floresta de Berlim. São cerca de 3.000 hectares, hoje muito utilizados para o esporte e lazer do berlinense.
Apesar de toda essa terrível história, é um lugar agradável, bonito e arborizado.
Uma testemunha da época
A sobrevivente do holocausto, Inge Deutschkron (viva até hoje, data de publicação desse post, e mora em Berlim) escreveu em seu livro “Ich trug den gelben Stern”(eu vesti a estrela amarela) que a estação de Grunewald foi utilizada pelos nazistas para deportar os judeus exatamente pela discrição.
Outras deportações já haviam sido realizadas antes em outras estações, como na antiga Lehrter Bahnhof (atual estação central ou Hauptbahnhof), mas os agentes da Gestapo ficavam sempre sob os olhares da população, que nem sempre compactuava com o que estava sendo feito.
Muitos olhares e muitas testemunhas fizeram com que os nazistas procurassem um local mais discreto.
Além disso, havia a facilidade de extorquir os judeus em seus momentos finais, sem que ninguém visse ou ficasse sabendo.
No meio daquela estação, longe de todos os olhares, os nazistas pediam o dinheiro, ouro e joias daquelas pessoas para trocar por algumas facilidades. Facilidades essas que eram quase sempre negadas.
Vale a pena visitar o memorial Plataforma 17?
Vale sim. Mas eu preciso fazer umas observações.
O memorial não fica num lugar central de Berlim. Você vai ter que deslocar um pouco para conhecer.
Não demora muito. Da estação central pra lá dá cerca de 20 minutos com o S7.
Se é a sua primeira vez em Berlim e você tem pouco tempo, dois ou três dias, talvez não valha, já que há vários outros memoriais com a mesma temática, como o memorial do holocausto, o memorial às vítimas da guerra e da tirania, o memorial dos livros queimados, entre outros (dá uma olhada na nossa tag memoriais).
Mas se você, mesmo com pouco tempo, tem um interesse específico por essa parte da história, aí vale com certeza.
Até hoje levamos apenas famílias judias que já chegaram interessados em visitar a Plataforma 17.
Boa visita e espero que o post tenha aguçado sua curiosidade e trazido informações interessantes.
Fontes
Informações colhidas in loco.
Livro: Caspar, Helmut. Erinnerungsorte in Berlin – Führer zu Schauplätzen Deutscher Geschichte. Editora Michael Imhof, 2008.
Site: berlin.de